quarta-feira, 20 de agosto de 2014

LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTO




Licenciatura em Ciências Naturais e Matemática
POLO ARAÇATUBA
ST2
Disciplina: Leitura e Produção de Texto
Semana 01 - Vídeo-Aula: 01 –  Concepção de Língua e Implicações para a Produção Textual.
(Profª. Sílvia M. Gasparian Colello)

Existem algumas concepções de língua na sociedade e a mais comum seria aquele entendimento de língua como um pacote fechado, como se a linguagem fosse estática. Este entendimento leva ao conceito de linguagem monológica, que não leva em consideração a relação entre as pessoas, a situação. 

Concepção dialógica - diz que a linguagem é viva, que envolve as pessoas e suas múltiplas relações. O aprendizado nasce da interação entre os interlocutores, pois todos são transformadores e são também transformados nesse cenário social, sendo todos responsáveis pela criação da linguagem. 

Exemplo: Um corinthiano que grita "viva o Corinthians" no meio da torcida do Palmeiras; as gírias criadas pela juventude. Essa relação social entre as pessoas que dá conteúdo e significado à produção linguística. Sintetizando - a linguagem nasce desse processo de interação entre as pessoas, num determinado contexto, com determinado propósito social. "Mikhail Bakhtin - Para esse filósofo a linguagem é um produto vivo da interação social. 

Todos os enunciados no processo de comunicação, independentemente de sua dimensão, são dialógicos. [...] Isso quer dizer que o enunciador, para constituir um discurso, leva em conta o discurso de outrem, que está presente no seu. [...] O dialogismo são as relações de sentido que se estabelecem entre dois enunciados.” 

A produção linguística não parte de si e não se esgota em si. Ela vem das vozes sociais e pede uma contra palavra. Então o que vem a ser produção textual? "É a tensão entre a palavra neutra, a palavra do outro e a palavra minha". Como exemplo, podemos utilizar a palavra amor, que possui um significado conhecido (neutro), inúmeros conceitos que circulam pelo mundo (palavra do outro) e, por último aquilo que entendo por amor. Vinicius de Moraes, em "Samba em Prelúdio", falava de amor como sinônimo de complementaridade, de que a existência de uma pessoa depende da outra - "Sem, você meu amor, eu não sou ninguém". A mesma interpretação de amor extraímos da letra da música de Adriana Calcanhoto - "Fico assim sem você", que usa das metáforas, define esse sentimento de uma forma mais lúdica do que Vinícius, que é mais melancólico. 

Relação entre modalidades linguísticas. Escrita e Fala: O que dizer, porque dizer, para que dizer, como dizer, são indagações que devemos perseguir para produção textual.Leitura e Escuta: Gera perguntas, respostas, amplia o que dizer, amplia como dizer. Uma dica - se você não consegue elaborar um texto acadêmico, por exemplo, amplie os seus horizontes, alimente-se de outras vozes, outras leituras, outros saberes, pois a produção linguística é uma reconstrução de sentido num dado contexto. Quando escreve-se um texto, sempre estamos diante de um paradoxo linguístico, pois se de um lado a língua é um sistema fechado, já que possui regras, doutro lado é aberto, diante da existência de uma gama enorme de entendimento, saberes, pois a linguagem é uma grande aventura no processo de comunicação.

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Licenciatura em Ciências Naturais e Matemática
POLO ARAÇATUBA
ST2
Disciplina: Leitura e Produção de Texto
Semana 01 - Vídeo-Aula: 02 –  A Língua da Cultura Brasileira.
(Profª. Sílvia M. Gasparian Colello)

Letramento e analfabetismo funcional - O aprendizado da linguagem depende da interação da pessoas, mas quantos brasileiros tem acesso a essa perspectiva criativa e democrática. Inúmeros são os analfabetos, cerca de 13 milhões no Brasil. E os demais brasileiros, diante da globalização, das tecnologias, da abertura política, expansão das vagas escolares, enfim, como têm agido nesse processo de aprendizado? Diante desse horizonte, surge a preocupação com o letramento. Magda Soares, tratando de alfabetização e letramento, acredita que o primeiro seria a ação de ensinar ou aprender a ler e escrever. Letramento - estado ou condição de quem não apenas sabe ler e escrever, mas cultiva e exerce as práticas sociais que usam a escrita. Fazer tornar a pessoa um usuário da linguagem. Neste compasso devemos entender que alfabetização e letramento devem ser simultâneos, caminharem junto no processo ensino - aprendizado. Relação alfabetização - letramento / analfabetismo funcional.
1. Alfabetizado e letrado.
2.Não alfabetizado e pouco letrado.
3.O letrado e pouco alfabetizado.
4. O alfabetizado e pouco letrado.
Nesse aspecto, quando analisamos os pouco alfabetizados e pouco letrados é que encontramos os analfabetos funcionais, aqueles que pouco aprenderam e muito pouco fazem uso da linguagem socialmente reconhecida. Muito embora a taxa de analfabetismo tenha diminuído, o nível de evasão e por consequência, de aprendizado insuficiente, tem aumentado, em razão dos fracassos escolares e da baixa estima diante dessa situação. Os analfabetos funcionais no Brasil, aqueles que mal terminaram a 4ª série, segundo o IBGE, são 27,8 milhões ou 18,3% da população. Desse montante, 26% analfabetos funcionais do ensino fundamental, 8% do ensino médio e 4% no ensino superior, Essa é uma realidade que atinge um número elevadíssimo de alunos, aqueles que ficaram pelo caminho no processo de aprendizagem. A pesquisa apontou que o índice de alfabetismo deficiente aumentou de 61% para 73% de 2001 para 2011, indicando, com isso uma enorme quantidade de pessoas sem o alfabetismo pleno, o verdadeiro usuário da língua escrita. Crianças escolarizadas, mas analfabetas, sem o aprendizado correto e mínimo de leitura e deficiência ou ausência de aprendizado para somar e diminuir, operações matemáticas fundamentais.


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Licenciatura em Ciências Naturais e Matemática
POLO ARAÇATUBA
ST2
Disciplina: Leitura e Produção de Texto
Semana 01 - Vídeo-Aula: 03 –  A Leitura para Além da Decodificação.
(Profª. Sílvia M. Gasparian Colello)

A leitura não um simples processo de reconhecimento das letras, transformando-as em som. Veja o poema: "AULA DE LEITURA", de Ricardo Azevedo.

A leitura é muito mais
do que decifrar palavras.
Quem quiser parar pra ver
pode até se surpreender:
vai ler nas folhas do chão,
se é outono ou se é verão;
nas ondas soltas do mar,
se é hora de navegar;
e no jeito da pessoa,
se trabalha ou se é à-toa;
na cara do lutador,
quando está sentindo dor;
vai ler na casa de alguém
o gosto que o dono tem;
e no pêlo do cachorro,
se é melhor gritar socorro;
e na cinza da fumaça,
o tamanho da desgraça;
e no tom que sopra o vento,
se corre o barco ou vai lento;
também na cor da fruta,
e no cheiro da comida,
e no ronco do motor,
e nos dentes do cavalo,
e na pele da pessoa,
e no brilho do sorriso,
vai ler nas nuvens do céu,
vai ler na palma da mão,
vai ler até nas estrelas
e no som do coração.
Uma arte que dá medo
é a de ler um olhar,
pois os olhos têm segredos
difíceis de decifrar.

A tese principal de Paulo Freire está presente claramente nesse poema, de que a leitura do mundo precede a leitura das palavras. Ler não é apenas decifrar palavras, mas uma interpretação que vai além da simples decodificação. Paulo Freire exemplificou num vídeo que um aluno certa vez escreveu simplesmente "Nina" no quadro negro e, depois disse, gargalhava e emocionava-se muito. Paulo perguntou ao Francisco, o aluno, porque estava assim, tanto alegre, ele disse - "Nina é o nome da minha mulher". Extrai-se dai que uma palavra não é apenas uma codificação do som que dela possa ouvir. Vai além disso, significa muito mais, invade o mundo, as pessoas.

Pé de pai pede Lupo.
Fisk, todo mundo fala bem.

Várias são as interpretações possíveis dessas duas frases, dependendo das pessoas que leem, do contexto, do processo de construir sentido, especialmente porque o escritor pensou dessa forma a elaborar o texto. A leitura possui assim um potencial transformador, no plano visual e no plano transformador do conhecimento.


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POLO ARAÇATUBA
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Disciplina: Leitura e Produção de Texto
Semana 01 - Vídeo-Aula: 04 –  Competência de Leitura.
(Profª. Sílvia M. Gasparian Colello)

Já vimos que a leitura depende de uma atitude ativa leitor no sentido de construir significado. 

Das Mädchen aus Ipanema
Schau, was für ein schöner Anblick,
so voller Anmut,
ist dieses Mädchen,
was kommtund geht
mit wiegenden Schritt, auf dem Weg zum
Meer.
Mädchen mit vergoldenem Körper
von der Sonne von Ipanema
ihr Gang ist mehrals ein Gedicht
es ist das Schönste, was ich je vorbei gehen
sah.

Muitos poderão dizer que não conseguem ler e mesmo assim, sendo mais insistente pode aprender alguma coisa do texto. Poderia dizer, por exemplo que reconhece a palabra Ipanema, então dever ser uma música ou algo sobre Ipanema. Estaria correto nesse processo.
Outro exemplo de texto além da decodificação:

ASEB CVOD ECEF GEH IUMJ
KVENL MCEN ODORP, QTER
SRAT UALV XGUNSZ AFALB
CSOSD EAF GMIH IGOSJ KEL
MALN OGUNSP QIR SNIT UMIV
XGOSZ AVERB CDAD EDEIF
GROSH


O exemplo sugere que, além de discriminar as letras e reconhecer a língua, é preciso compreender o código da escrita, associando-os - língua e código - para o processamento da construção interpretativa. No caso, ao se desvendar o código, ignorando-se a primeira e a última letra de cada palavra (em cuja sequência está a ordem convencional das letras no alfabeto: A, B, C...), torna-se possível a um leitor e falante da língua portuguesa encontrar a máxima de Madre Teresa de Calcutá. Por esta via de argumentação, fica evidente que o código da escrita, longe de ser um sistema de correspondência entre sons e letras a ser decorado, envolve a compreensão mais profunda sobre o modo de registro e o funcionamento do sistema.

Outras frases para avaliar:
Mais vale um pássaro no mão do que dois na mão.
Cinderela perdeu o sapeto na escadaria do castelo.

Se olharmos para estas frases apenas de relance, rapidamente, o leitor dirá sem olhar novamente o ditado popular ou a passagem da estória infantil, porque é comum que o leitor faça antecipações, relacionando o que lê com aquilo que já viu, com a ortografia que já conhece.

Outro texto interessante:
Não te amo mais
Estarei mentindo dizendo que
Ainda te quero como sempre quis
Tenho certeza que
Nada foi em vão
Sinto dentro de mim que
Você não significa nada
Não poderia dizer mais que
Alimento um grande amor
Sinto cada vez mais que
Já te esqueci!
E jamais usarei a frase
Eu te amo!
Sinto, mas tenho que dizer a verdade
É tarde demais...

Se lermos o texto de baixo para cima veremos que ele tem um sentido completamente contrário daquele lido da maneira usual. Neste compasso percebemos que além de conhecer a escrita, o código, devemos ter atenção para o que o autor do texto quis dizer, qual sentido buscava, o que desejava.

Num texto atribuído a Bransford & Johnson - 1972, notamos que sem a imagem a que ele se refere, fica incompreensível, mas assim que vemos a fotografia (uma pipa) percebemos o sentido do texto. Assim, é necessário que o leitor faça outras conexões além da interna,  com outras coisas, outros saberes.

O que escrever no seu túmulo se você é...

ESPÍRITA: Volto já.
INTERNAUTA: www.aquijaz.com.br
ALCOÓLATRA: Enfim, sóbrio.
ARQUEÓLOGO: Enfim, fóssil.
ASSISTENTE SOCIAL: Alguém aí, me ajude!
BROTHER: Fui.
CARTUNISTA: Partiu sem deixar traços.
DELEGADO: Tá olhando o quê? Circulando, circulando...
ECOLOGISTA: Entrei em extinção.
FUNCIONÁRIO PÚBLICO: É no túmulo ao lado.
GARANHÃO: Rígido, como sempre.
GAY: Virei purpurina.
HERÓI: Corri para o lado errado.
HIPOCONDRÍACO: Eu não disse que estava doente?!?!
HUMORISTA: Isto não tem a menor graça.
JANGADEIRO DIABÉTICO: Foi doce morrer no mar.
JUDEU: O que vocês estão fazendo aqui? Quem está tomando Conta do lojinha?
PESSIMISTA: Aposto que está fazendo o maior frio no inferno.
SEX SYMBOL: Agora, só a terra vai comer.
VICIADO: Enfim, pó!
ADVOGADO: Disseram que morri.... Mas vou recorrer!!!

Muito embora o texto (piada) seja de fácil compreensão, se for lido num outro país (traduzido para o japonês, por exemplo), talvez não seja compreendido, pois não reconheceriam os valores, os preconceitos inseridos. Por isso, mais do que conhecer as palavras, devemos fazer as conexões necessárias para conseguir o entendimento.

Concluindo, são necessários: reconhecer a língua é ir além dela, discriminar os símbolos, reconhecer os códigos, prever e dialogar os sentidos, antecipando-os, articular as informações internas, relacionar as informações com o contexto social e, finalmente, construir significado. Isso não se dá de forma isolada, mas de múltiplas formas, relacionando todas as possibilidades. Atribuir sentido é transitar por inúmeros caminhos, buscando construir e transformar os significados.


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POLO ARAÇATUBA
ST2
Disciplina: Leitura e Produção de Texto
Semana 02 - Vídeo-Aula: 05 –  Língua Portuguesa ou Língua Brasileira?
(Prof. Gabriel Perissé)

Língua Portuguesa ou Brasileira?  Esta é a polêmica. A língua portuguesa evidentemente veio de Portugal, e nós, quando colonizados recebemos entre outras influências, o idioma. 

Antes de Portugal chegar ao Brasil, tínhamos várias línguas brasileiras, centenas de idiomas de tribos indígenas, muitas delas hoje já extintas.Aos poucos vamos recebendo outras influências, como a da língua africana, indígena, italiana, espanhola, japonesa, alemã, enfim, nosso idioma foi ganhando novas configurações. Será que é possível falar em um idioma nosso, será que um português entende facilmente um brasileiro? 

Será que existem particularidades fonéticas, morfológicas, sintáticas, que fazem com que possamos dizer que temos uma língua brasileira em oposição a uma língua portuguesa? 

Num vídeo: um diálogo entre a língua portuguesa falada no Brasil e em Portugal, percebemos as várias divergências encontradas, expressões com significados diferentes, por exemplo: quando dizemos que temos um problema, falamos que temos que “descascar um abacaxi”, ou quando uma pessoa falta ao compromisso dizemos que ela nos “deu um bolo”, frases que não tem esse mesmo sentido em Portugal. 

Percebemos como é difícil um falante de Portugal nos entender e vice-versa. Realmente existe uma grande diferença entre os dois idiomas, há o entendimento mas com algumas dificuldades. Alguns teóricos vão dizer que não se justificaria então falar em uma língua brasileira já que há uma mesma estrutura, muito semelhante. 


Há uma definição cultural da língua, a língua brasileira é brasileira na medida em que está presente em uma cultura brasileira, que há valores que não vão coincidir com a comunidade portuguesa. 

Podemos encontrar dentro do Brasil, vários “idiomas”; cada região tem uma maneira, uma peculiaridade. Por exemplo, talvez o “carioquês” não coincida com o que é falado em Goiás. 

Noutro vídeo nos o cantor Cledir faz uma crônica, explicando de maneira divertida, como diferentes grupos regionais no Brasil se expressam. Ele nos dá exemplo de gírias e falas de diferentes cidades e regiões. 

Poderíamos caracterizar subculturas dentro da cultura brasileira? Na verdade não, pois esses grupos culturais dependem de uma unidade de país, a língua portuguesa. Podemos dizer que falamos a língua portuguesa de expressão brasileira.


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POLO ARAÇATUBA
ST2
Disciplina: Leitura e Produção de Texto
Semana 02 - Vídeo-Aula: 06 –  Gramática e Vida?
(Prof. Gabriel Perissé)

Essa aula trata da gramática e a “língua viva”. A gramática tenta registrar como algo “imutável”, aquilo que na verdade é vivo, intenso, mutável, que é o nosso falar cotidiano.

Os gramáticos tem essa função, e tratam das normas, regras que são importantes evidentemente quando falamos em padrão, por exemplo, um padrão para avaliação em um concurso, vestibular. Entretanto, temos também o modo de falar, principalmente no cotidiano, privilegiamos a comunicação, a eficácia da interação entre as pessoas.

A boa literatura consegue captar esse momento espontâneo em seus textos, como um conto de Marcelino Freire.

– MÃE, ó, o meu plano é assim, uma viagem, vai vendo, eu sequestro a minha namorada, porque ela me traiu, quis me deixar, rá, aí eu trago ela aqui para casa, pela garagem, dou um tapa, jogo no sofá, esculhambo, vai vendo, bato, xingo ela de vaca, aí ela vai negar, tudinho, vai negar, rá, rá, vai dizer que me ama, aí eu, puto, é claro, não vou acreditar, quando ela der uma de santa e, de fininho, tentar ligar para chamar o pai, é quando eu pego na arma, saca, mãe, saca, ela vai fazer aquela cara, rá, ó, de susto, de choro, e aí eu esfrego bem no rosto dela o cano do revólver velho, também mostrarei uma faca que rasparei no cabelo da condenada, é, enquanto ela não me contar, sério, rá, rá, o que andou aprontando, ela, toda mulher é, sim, uma cadela, menos a senhora, mãe, que é de outro tempo, vai vendo, a viagem, ela, de repente, vai soltar um grito de socorro pelo buraco daquela janela, a safada, a selvagem, aí eu ataco ela, rá, rá, pela perna, dou um chute forte na barriga da bandida e ela desmaia, a desgraçada pensa que eu sou bobo, a fingida toda se fingindo, no mínimo, ora, e lá vai soco, mesmo com ela desacordada, jogo um litro de água suja na cara dela, ali, da privada, ela abre o olho, tosse, vomita mole alguma coisa, é quando eu ouço alguém bater na porta, pá, pá, é a senhora chegando, é, é, vai vendo, aí eu não dou bola, fecho a fechadura, forte, puxo o armário, faço uma barreira e peço que a senhora vá embora, rezar, rá, rá, que hoje a merda vai rolar [...] (Trecho do conto "Crime", extraído do livro "Amar É Crime",de MARCELINO FREIRE, a ser lançado em julho pela EDITH)

Na linguagem literária esse personagem acima, enlouquecido, criminoso, vai contando pra sua mãe o que vai fazer de errado, mas acerta não na gramática normativa e sim em quando no falar cotidiano temos regras implícitas para a eficácia da comunicação. Mesmo a personagem cometendo erros como quebras de lógica, introdução de risos, “ferindo a gramática”, temos que pensar nesse texto como um falante tentando produzir um relato, a gramática então não entra no contexto de certo ou errado, e sim no que é eficaz.

Essa diferença entre gramática normativa e gramática no sentido de descrição de fala é importante para que repensemos nossa maneira de estudar e empregar nosso idioma. Não precisamos ser sempre corretos no sentido da gramática normativa, se a mesma não me dá clareza na comunicação com outras pessoas. Ao mesmo tempo, não podemos perder esse conhecimento gramatical, enfim, nessa luta entre gramáticas, vamos perceber que as gramáticas atualizam-se e começam considerar certo aquilo que no passado considerava-se errado.

Outro exemplo: Na frase “Eu vou assistir o vídeo da UNIVESP”, segundo a gramática normativa mais antiga, há um erro, pois não estamos empregando o verbo no sentido correto, pois quem assiste, assiste “a um vídeo”, mas no ponto de vista brasileiro, essa possibilidade “eu vou assistir o vídeo” se torna correto.

Alguns professores insistem em apresentar o tema da gramática de uma maneira muito técnica, porém, a língua vai se adaptando, vai se impondo.

Na entrevista que nos foi apresentada, do professor Luiz Carlos de Assis Rocha, ele indaga que é importante o aluno saber as normas da língua padrão, porém para isso não é preciso que ele aprenda a gramática, “oração subordinada, substantivo direto, indireto”. Temos que repensar a maneira de estudar a gramática, observando a linguagem que acontece, que é eficiente.

Aquilo que as vezes chamamos de erro, na verdade pode ser um acerto, o que não quer dizer que o professor não tenha a função de apontar o que são as regras, entretanto, mostrando que a cada momento temos necessidade de adaptar o que falamos em cada ambiente.


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POLO ARAÇATUBA
ST2
Disciplina: Leitura e Produção de Texto
Semana 02 - Vídeo-Aula: 07 –  As Regras da Nova Ortografia?
(Prof. Gabriel Perissé)

Nessa vídeo aula, falamos sobre a grafia correta, a ortografia. A ortografia estabelece que tal palavra é escrita de uma maneira e não de outra. Por ex: CASA, a ortografia estabelece que a palavra tem que ser escrita com “S”. Muitas vezes essas regras nos parecem arbitrárias.

Recentemente, a Academia Brasileira de Letras, o governo brasileiro, o governo de Portugal, e também os países da comunidade lusófona, se reuniram e criaram um novo acordo ortográfico.   Essa tentativa sempre foi problemática, muitas delas não deram certo, pois os hábitos de cada país estão muito agregados. Por exemplo: a palavra “álibi” vem do latim e o latim não é acentuado, durante muito tempo a ortografia defendeu e mostrou que a palavra não tinha acento, uma vez que a origem era uma palavra latina, com o tempo e com o uso, as pessoas começaram interpretar a palavra como uma palavra brasileira, proparoxítona, portanto acentuada no “A”, a ortografia acabou se rendendo e aceitou que álibi não é mais uma palavra latina, portanto acentuada.

Durante o século XX, os governos procuraram criar uma unidade ortográfica mediante uma lei, um acordo ortográfico. Para efeitos editoriais seria interessante, um livro, por exemplo, escrito no Brasil, poderia ser lido tranquilamente em Portugal.

Há um vídeo em que o professor Pasquale Cipro Neto nos fala sobre o trema, que mesmo não usando-o mais, a pronúncia na palavra não muda.

Percebemos que mesmo com as tentativas de padronização, sempre tem exceções, Portugal nesse acordo foi resistente, não queria abrir mãe de certos usos, gerando muita polêmica. Algo que parece simples, gerou muita angústia.

Outro vídeo do Pasquale, nos fala sobre a queda do “c” e “p” mudo, como nas palavras como: acto, facto, na grafia portuguesa eles irão “morrer”, porém no Brasil não muda nada, pois nós já não usamos eles nas palavras.

A nova ortografia foi aprovada, mas não quer dizer que foi realmente aplicada. Alguns países africanos tiveram dificuldade sobre essa nova ortografia. No Brasil também houve algumas resistências, até pela nossa falha educacional, algumas pessoas diziam que muitos não sabiam nem a antiga ortografia, quanto mais a nova.

Em uma pesquisa informal feita pelo professor, ele constatou que de 20% a 30 % das pessoas que escrevem habitualmente não assimilaram todas as mudanças da nova ortografia. Os hífens, por exemplo, ainda gera muitas dúvidas.

Não podemos desprezar essas regras, devemos conhecê-las, ir empregando-as devagar, estando ciente de todo esse contexto, de toda essa problemática, não desprezando os esforços desse acordo ortográfico, mas não esquecendo que a vida da língua é mais ampla, interessante e rica do que as regras. Manter atenção entre as regras e a vida, esse é o foco. 


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Disciplina: Leitura e Produção de Texto
Semana 02 - Vídeo-Aula: 08 –  A Declaração Universal dos Direitos Linguísticos?
(Prof. Gabriel Perissé)

Aprendemos nessa aula sobre a declaração universal dos direitos linguísticos, que é um documento dos direitos daqueles que falam, direitos linguísticos.

Quando lembramos do mito da Torre de Babel, onde as pessoas tinham um projeto de construção da torre mais elevada do mundo, lembramos também que  esse plano não deu certo pois houve uma confusão linguística, cada um falava em um idioma, cada um tinha uma maneira de ver o mundo. Não deu certo pois as pessoas não souberam se comunicar, não souberam criar uma plataforma de direitos e deveres que permitisse o alcance de um ideal.

Essa declaração começou a ser pensada no final do século passado, depois de muitas discussões e reflexões, chegou-se a ela, chamada de declaração de Barcelona, pois lá ela foi assinada. É importante entendermos os direitos básicos dessa declaração, que vão nos ajudar a exercer esses direitos e deveres implicados.

Segue alguns conceitos:

Comunidade linguística: “Toda a sociedade humana que, radicada historicamente num determinado espaço territorial, reconhecido ou não, se identifica como povo e desenvolveu uma língua comum como meio de comunicação natural e coesão cultural entre os seus membros”.

Isso nos faz pensar por exemplo, que no Brasil, temos uma língua oficial, porém temos centenas de comunidades linguísticas, como as tribos indígenas, ou comunidades que ainda falam em alemão, ou italiano, ou seja, um país tem um idioma oficial, mas existe nela diversas de comunidades linguísticas que tem direito de manifestar sua cultura, sua visão de mundo.

Direitos Linguísticos Inalienáveis: ser reconhecido como membro de uma comunidade linguística; uso da língua em privado e em público; uso do próprio nome; relacionar-se e associar-se com outros membros da comunidade linguística de origem; manter e desenvolver a própria cultura.

Direitos Linguísticos Complementares: ensino da própria língua e da própria cultura; dispor de serviços culturais; uma presença equitativa da língua e da cultura do grupo nos meios de comunicação; serem atendidos em sua língua nos organismos oficiais e nas relações socioeconômicas.

Princípios Básicos: O direito de todas comunidades linguísticas são iguais e independentes do seu estatuto jurídico ou político como línguas oficiais, regionais, ou minoritárias. Designações tais como “língua regional” ou “minoritária” não são adequadas.

Analisamos que é uma perda cultural e humana que uma língua deixe de existir, então quando essa declaração dos direitos linguísticos se manifestou, deu o direito dessas comunidades ter seu patrimônio linguístico e cultural preservados.

Definição de Língua: É uma expressão de uma maneira distinta de aprender e descrever a realidade, pelo que deve usufruir das condições necessárias ao seu desenvolvimento. Por ser uma realidade constituída coletivamente, exerce o papel de instrumento de coesão, identificação, comunicação e expressão criadora.

“Cada língua, cada idioma traz em si uma visão de mundo”. É importante que essa maneira original de ver o mundo não se perca.

Acesso ao conhecimento linguístico: Todos tem direito ao conhecimento da língua própria da comunidade onde residem e a se tornarem poliglotas, usando as línguas mais apropriadas em seu desenvolvimento pessoal ou à sua mobilidade social.

Nesse conceito entramos em aspectos pedagógicos, escolares. A escola deve oferecer a cada um de nós as chances de preservar as características de nossa comunidade e oferecer outros horizontes, outros idiomas.

Ensino e Línguas: fomentar a capacidade de autoexpressão linguística e cultural da comunidade linguística; cuidar da manutenção e desenvolvimento da língua falada pela comunidade; defender a diversidade linguística e cultural e as relações harmoniosas entre as diferentes comunidades linguísticas (todos tem direito de aprender qualquer língua).É importante que os idiomas não só sejam falados, mas sejam promovidos na forma escrita.

Quando falamos em uma declaração universal de direitos linguísticos, pensamos também em seus deveres. Como e o que podemos fazer para que as comunidades não percam suas raízes, suas tradições.

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Disciplina: Leitura e Produção de Texto
Semana 03 - Vídeo-Aula: 09 –  Breve História da Nossa Língua
(Prof. Aldo Bizzocchi)

A língua portuguesa é a mais importante do mundo, com cerca de 280 milhões de falantes. Também é a 5ª língua mais falada do mundo; mais falada no hemisfério sul do planeta. O ensino do português já obrigatório, ou facultativo em vários países. Ela se originou do latim vulgar falado na Península Ibérica.

A origem: O português surgiu na região noroeste da Península Ibérica a partir de uma língua mais arcaica chamada “galaico português”, essa língua posteriormente se dividiu em dois ramos: ao norte deu origem ao galego (um dos idiomas oficiais da Espanha), e ao sul transformou-se no que hoje é o português.

O romanos que chegaram na Península Ibérica a partir do ano 218 a.C. eram soldados, colonos, vindos de várias províncias romanas que ali se estabeleceram. No século V depois de Cristo o império romano já decadente sofria invasão de vários povos de origem germânica, chamados de bárbaros, que aos poucos iam recebendo terras esse fixando nelas.

Com a queda do império romano em 476 d.C., suas escolas e administração desapareceram e o latim vulgar continuar a crescer. Mesmo com a invasão da Península pelos árabes em 711, a população continuou usando sua língua nativa de origem românica, a influência árabe no português limitou-se ao léxico, com vocábulos como alface, algodão, alfaiate e açúcar.

As cantigas de amor e amigo marcam a literatura portuguesa, elas aparecem na época em que o português se torna a língua oficial do reino de Portugal. As cantigas eram poemas cantados, escritas numa forma arcaica do português.

O idioma se espalhou pelo mundo nos séculos XV e XVI pelas grandes navegações, quando Portugal estabeleceu um vasto império colonial, incluindo o Brasil. É nesse período que é escrito e publicada aquela que é considerada a obra máxima da língua, a epopeia os Lusíadas, de Camões, exaltando os grandes feitos nos navegadores portugueses, essa obra também fixou o padrão clássico da língua. A seguir um trecho como exemplo:


As armas e os Barões assinalados
Que da Ocidental praia Lusitana
Por mares nunca de antes navegados
Passaram ainda além da Taprobana,
Em perigos e guerras esforçados
Mais do que prometia a força humana,
E entre gente remota edificaram
Novo Reino, que tanto sublimaram;
E também as memórias gloriosas
Daqueles Reis que foram dilatando
A Fé, o Império, e as terras viciosas
De África e de Ásia andaram devastando,
E aqueles que por obras valerosas
Se vão da lei da Morte libertando,
Cantando espalharei por toda parte,
Se a tanto me ajudar o engenho e arte. (...)

Podemos perceber que a língua de Camões está próxima da que usamos hoje, mas ainda assim encontramos muitas diferenças a língua portuguesa atual.

Evolução da língua portuguesa:

1. Português antigo ou arcaico: séculos XII a XV
2. Português Clássico: séculos XVI a XVII
3. Português Moderno: séculos XVIII e XIX
4. Português Contemporâneo: séculos XX e XXI

O português da atualidade é marcado por uma forte influência léxica da língua inglesa. O Brasil com suas músicas e telenovelas tem influenciado muito os rumos atuais do idioma.

O “português brasileiro”:
1. Reduziu a conjugação verbal;
2. O pronome sujeito é sempre explícito;
3. Há a omissão do pronome objeto;
4. Tempos contínuos com gerúndio;
5. Não há distinção entre o presente o pretérito perfeito da 1ª pessoa do plural dos verbos da 1ª. conjugação.

Em 2006, foi criado em São Paulo o Museu da língua portuguesa, o primeiro museu dedicado a um idioma.


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Disciplina: Leitura e Produção de Texto
Semana 03 - Vídeo-Aula: 10 –  Etimologia
(Prof. Gabriel Perissé)

A etimologia é uma ciência que pode ser tratada sem muita invencionice, mas há outra forma mais inspiradora de considera-la, uma fonte de ideias, conhecer a história das palavras, fazer uma viagem etimológica.

Existe um livro de Monteiro Lobato, chamado “A chave do tamanho”.

Dona benta, olhando o fim do dia exclama:
- Que maravilhoso fenômeno é o pôr-do-sol!

Mas Emília resolve encrencar:
- Por que é que se diz pôr-do-sol?

Que é que o Sol põe? Algum ovo?
- O sol não põe nada bobinha.

O sol põe-se a si mesmo – respondeu Dona Benta.
- Então ele é o ovo de si mesmo. Que graça!

Essa passagem de Monteiro Lobato faz lembrar-nos da curiosidade das crianças. As crianças sempre fazem a seguinte pergunta. Por quê?

Na bíblia, Deus permite que o homem dê o nome de cada bicho. Muito teóricos atribuem essa passagem bíblica, como o poder linguístico do homem, de dar corpo sonoro as coisas.

Isso é tão nosso, de dar nome às coisas.

Sócrates discutia com dois personagens: Krátilo e Hermóneges, questões legadas à linguagem. Duas teses, a palavra é uma imitação da natureza. Outra, as palavras existem por convenção. Ambas as teses tem sua razão de ser e Sócrates, no diálogo, vai dando razão a ambas.

Caipira – tem a ver com apele.
Capivara – Senhor do capim. Capi + vara.

O modo adequado de nomear as coisas é o modo natural, deixando vir à luz o ser das coisas. Sócrates.

No século VI, VII surgiu um Pensador chamado Isidoro de Sevilha, da região da Espanha. Reuniu uma enciclopédia chamada de Etimologia. Tratavam da origem das palavras, algumas hipóteses eram falsas, mas buscava a verdadeira essência.

Alguns atribuíram a palavra camisa ou camisola, por ser aquilo que se usa quando vai para cama.

Erasmo de Roterdam: “A etimologia é a interpretação de um nome, ou a explanação de seu sentido”. Tinha uma visão medieval, mas ampliava a etimologia como a busca do conhecimento, do saber. Interpretação tem a ver com o preço. Aquele que conhece o preço de um lado e o preço do outro lado. Sabe transitar de um espaço para o outro, do sentido literal para o metafórico. Etimologia seria pensar a linguagem

Étienne Gilson: “Tudo o que se relaciona a origem é misterioso”. Quando estudamos a história de uma palavra, seu nascimento, suas mutações fonéticas, constata-se uma realidade misteriosa. Não conseguimos esgotar o real. É necessário pensar um pouco mais.

Vejamos um poema de Paulo Leminski:

em latim
“porta” se diz “janua”
e “janela” se diz “fenestra”
a palavra “fenestra”
não veio para o português
mas veio o diminutivo da “janua”,
“januela”, “portinha”,
que deu nossa “janela”
“fenestra” veio
mas não como esse ponto da casa
que olha o mundo lá fora,
de “fenestra”, veio “fresta”,
o que é uma coisa bem diversa
Já em inglês
“janela se diz “window”
porque por ela entra
o vento (“wind”) frio do norte
a menos que a fechemos
como quem abre
o grande dicionário etimológico
dos espaços interiores

A etimologia nesse caso serviu como motivação para um poema. Mas podemos dizer que as palavras não são gratuitas, há um motivo para seu nascimento. Museu, por exemplo, é também um lugar de inspiração, pois vem de musas, donde vem música. Não e apenas um lugar de coisas antigas. Não podemos nos tornar uma pessoa presa a um só significado das coisas.

Surgiu na internet recentemente (um boato) que a etimologia da palavra aluno: seria a + luno. A – (grego) significaria negação e  luno: lumuni ou lux (latin) , que seria luz, que daria a palavra aluno. Uma pessoa que não tem luz. Essa etimologia não é verdadeira. É uma aberração. Mas reproduziram esta identidade etimológica.

ALUNO, numa pesquisa etimológica mais séria:
Vem do verbo latino – ALERE – que significa alimentar, nutrir. Aluno é aquele que tem fome ou curiosidade de aprender. Como proletário que vem de prole + ALERE, significando aquele que alimenta a prole.

As palavras professor, magistério, também têm uma história etimológica. Professor vem de professar, aquele que manifesta ou professa o saber. Magistério tem a ver com o advérbio MAGIS, algo maior, de que se espera mais. Ministério, por exemplo, tem a ver com MINUS, que é menor que MAGISTER. Então MAGISTÉRIO, aquele que ensina, é maior que MINISTÉRIO, aquele que serve.

Essas considerações etimológicas rondam o humor, a poesia, a filosofia, mas é importante analisa-la para considerar a leitura como um prazer para o leitor. Devemos sempre pesquisar para melhorar nossa produção de textos.


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Licenciatura em Ciências Naturais e Matemática
POLO ARAÇATUBA
ST2
Disciplina: Leitura e Produção de Texto
Semana 03 - Vídeo-Aula: 11 –  A Gíria e a Comunicação
(Prof. Aldo Bizzocchi)

A aula começa com uma reportagem, onde jovens falam usando inúmeras gírias do cotidiano. “Véi, mano, fazer um BO, de boa, tipo assim, se pá, firmeza”. “Descolar um hambúrguer”.

Qual a gíria do momento: “suave”. Contexto em que usam – entre amigos, baladas.

Quando não dá para usar gíria – ambiente de trabalho; entrevista de trabalho. Não dá para “mandar um” - “ai Jow” para o chefe.

Os jovens usam muito as gírias para explicar alguma coisa de forma prática – tipo – “da hora”. Ou para completar um pensamento.

Nossas gírias são a cara de uma geração.

Existem gírias antigas, que não estão mais sendo utilizadas: “ela é uma brasa, mora?”.

“Topei um mano legal na balada, ele deu PT e eu segurei o BO”. Pode significar que encontrei rapaz bacana na balada. Ele tomou todas (ingeriu muita bebida) e ficou muito bêbado. Eu o ajudei.

Como você viu a gíria é um modo de expressão muito comum entre os jovens, mas não somente entre eles. Todo grupo de afinidade, isto é, pessoas que tem interesses em comum, costumam utilizar palavras ou expressões típicas daquele grupo e que muitas vezes não são compreendidas por quem é de fora, ou seja, todo grupo tem a sua gíria.

Quando se fala em gíria pensamos nas expressões informais que os jovens usam nas suas conversas, assim como o linguajar dos marginais, que usam para não serem compreendidos pelos cidadãos de bem e pela polícia.

Muitas gírias usadas pelos jovens nasceram do meio criminoso, que depois de ficar muito “manjado, caiu no gosto da galera, tá ligado”.

Você acha legal expressar-se assim, numa aula de língua portuguesa? Pois é, não é proibido utilizar gírias, mas devemos saber quando se deve ou não usá-la. Numa comunicação formal como numa aula ou num ofício, nem pensar.

A língua é como a roupa que usamos. Um traje adequado para cada ocasião. Assim como no vestuário, existe um nível de linguagem adequado a cada situação de discurso. Existe até uma correlação entre vestimentas e discurso linguístico. Num tribunal os Juízes usam toga e se expressam de maneira ultraformal. Numa palestra para executivos usa-se terno e expressão formal. Numa aula, podemos usar roupa casual e expressar de modo semiformal, usando expressões coloquiais se modo semididático. Num bate-papo entre amigos, num bar, a linguagem e vestimentas são totalmente informais.

Nos dois primeiros casos acima, corresponde ao uso da “norma culta”, portanto, obrigados a respeitar a gramática normativa.

Em cada situação usamos linguagens diferentes. No trabalho usamos uma linguagem mais séria, porque o trabalho é uma atividade séria. Um bate-papo entre amigos é uma situação descontraída.

Falamos a língua portuguesa, o que significa dizer que o sistema linguístico é social, partilhado por todos os membros de uma sociedade. Em compensação cada indivíduo tem um modo único de falar, a ponto de reconhecemo-lo pelo modo de expressar. Isso significa que a fala é uma característica individual.

As pessoas vivem em grupo e tendem ajudar seu modo de falar ao costume do grupo em que se encontra. Cada um de nós pertence a uma região, classe social, faixa etária, grupo profissional. Esses grupos influenciam a nossa fala e nós ajustamos nosso modo de falar ao grupo, num dado momento.

Esse modo de expressar característico de um grupo de pessoa é que se chama de – norma. Portanto, a língua é social, as normais grupais e os atos de fala, individuais.

A gíria é, portanto, um tipo de norma, que deve ser usado dentro de grupo social específico.

Por exemplo – jovens estudantes formam um grupo social, sendo comum que se comunique por gírias, inclusive em bilhetes.

Vídeo: A educação no Brasil ainda tem jeito:



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Disciplina: Leitura e Produção de Texto
Semana 03 - Vídeo-Aula: 12 –  Os Jargões
(Prof. Aldo Bizzocchi)

Vimos na aula anterior que os fenômenos da língua se dão em três níveis: social, grupal e individual e esses níveis chamam-se sistema, norma e fala, que são termos técnicos da linguística.

A linguística, como toda área da linguagem, tem o seu jargão característico, ou seja, o próprio jargão é um tipo de norma, específico de um grupo profissional.

Toda profissão possui termos para designar conceitos que só existem naquela atividade. Quem não é médico dificilmente saberá definir o que é “isquemia”. Quem não advogado não saberá o que é “evicção” ou “ação declaratória”. Quem não pratica surfe, não deve conhecer os termos: biquilha e dropar.

Alguns jargões são famosos, conforme apareçam na mídia.

É o caso do chamado “economês”, “juridiquês” e do “pedagogês”, relacionados com economistas, advogados ou juristas e dos profissionais da educação.

Os jargões existem para definir uma denominação que inexista na língua comum. Uma palavra comum pode ter significado diferente do comumente conhecido, como camisa, que entre os engenheiros significa um “molde de concreto”.

Jargões são criados para facilitar o trabalho dos profissionais. Um termo técnico por resumir uma explicação inteira, sendo precisos (monossemia). Já as palavras de uso comum são polissêmicas, ou seja, tem muitos significados.

Uma bula de remédio trás duas versões, uma delas dirigidas aos médicos, com jargão da medicina, a outro para o povo em geral.

Veja o texto: “O ácido acetilsalicílico pertence ao grupo de fármacos antiinflamatórios, não-esteroides, com propriedades analgésicas, antipiréticas e antiinflamatórias. Seu mecanismo de ação baseia na inibição irreversível da enzima ciclooxigenase, envolvida na síntese das prostaglandinas. O ácido acetilsalicílico é usado em doses orais de 0,3 a 1 g para o alívio da dor e nas afecções febris menores, tais como resfriados e gripes, para redução da temperatura e alívio das dores musculares e das articulações. Também é usado nos distúrbios inflamatórios agudos e crônicos, tais como artrite reumatoide, osteoartrite e espondilite anquilosante. Nessas afecções usam-se  em geral doses altas, no total de 4 a 8 g diários, em doses divididas. O ácido acetilsalicílico também inibe a agregação plaquetária, bloqueando a síntese do tromboxano A2 nas plaquetas. Por essa razão, é usado em várias indicações relativas ao sistema vascular, geralmente em doses diárias de 75 a 300 mg”.

Acabamos de ler um trecho da bula da aspirina. O uso dos jargões muitas vezes é necessário, por exemplo, num relatório técnico de engenharia.

O que torna o jargão pedante, como no caso do economês e do juridiquês, é o seu uso fora de contexto. Vídeo – Ministro do STF e Professor Universitário Marco Aurélio Melo. Usa diversos jargões jurídicos (excesso de formalismos jurídicos) numa entrevista de TV aberta (ininteligível à maioria daqueles que poderiam estar assistindo – os leigos). As perguntas (dos jornalistas) eram claras e objetivas.

Entrevista Completa: Ministro Marco Aurélio Melo - Programa Roda Viva - 2012:



Assim como a roupa, a linguagem deve variar conforma a situação, tudo depende de: com quem falamos; sobre o que falamos e porque falamos. O médico deve falar como médico, mas dentro de um hospital. O uso dos jargões deve obedecer ao contexto (local) profissional, para não serem pedantes, podendo passar uma imagem arrogante do comunicador. Os jargões devem ser entendidos, para não serem verdadeiros códigos secretos.


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Disciplina: Leitura e Produção de Texto
Semana 04 - Vídeo-Aula: 13 –  A Influência de Outros Idiomas
(Prof. Aldo Bizzocchi)

Vídeo de uma Jovem: Ontem fui ao shopping Center. Nesta parte foi wonderful. Depois fui comer um hot dog. Eu vi um gatinho e fiquei num Love, mas ele não deu nenhum feedback. Daí fui para casa fazer meu homework. A staf me ligou e tive que ir trabalhar, mas o trabalho ficou assim oh: so so. Ai, se pudesse deletava esse dia da minha vida. (O rapaz responde). Tininha eu não entendi metade das coisas que você disse. Você usou tantos estrangeirismos que até parecia falar em inglês. (Ela) Ah, eu achei que fosse mais estiloso falar assim. (Ele) Na verdade isso foi um jeito de você mostrar que somos culturalmente dominados pelos americanos.

Entrevistas – Milk shake (perguntava quem sabe o que é). Estrangeirismos – palavras de outra língua utilizada cotidiana num pais cuja língua é outra. No Brasil utiliza-se muito o inglês. A língua portuguesa sofreu mutações desde a colonização de 1500. O estrangeirismo sempre ocorreu no Brasil, ruim é quando isso se transforma num vício.  Existe uma lei proibindo o estrangeirismo. 

Professor Aldo: Há muitas palavras portuguesas de origem estrangeira. Muitas delas como football/futebol e abat-jour/abajur foram aportuguesadas há muito tempo e nem podem ser mais consideradas estrangeiras.  Enquanto outras como pizza, mouse, delivery, fast food, ainda conservam a grafia e a pronúncia estrangeira, são os estrangeirismos.

Muitos combatem a penetração das palavras estrangeiras na nossa língua, por ferir a nacionalidade, colocando-nos numa posição inferior, mas banir toda e qualquer palavra estrangeira da nossa língua cheira preconceito, ignorância da dinâmica das línguas.

É preciso compreender o estrangeirismo, já que nenhuma língua tem sido pura ao longo dos séculos: intercâmbios, viagens, ondas migratórias, influenciam. Importamos palavras pela mesma razão que se importa ideias e práticas, seja comida - kiwui ou suchi, sejam equipamentos – laptop, seja a globalização.

Algumas línguas cosmopolitas como inglês e Francês importam e exportam palavras com grande desenvoltura. Porque a França, Inglaterra e EUA sempre foram centros de inovações culturais.

Mas nem países pouco inovadores escapam ao intercâmbio linguístico-cultural.

É preciso compreender que nenhuma língua é imune a influencia de outra. Há enriquecimento com a importação de línguas. Assim como viajar é saudável e enriquecedor, acolher em nossa terra influências externas tem o mesmo efeito salutar. O empréstimo de palavras estrangeiras é legítimo, mas é preciso distinguir quando é oportuno. Uma nova tecnologia, uma nova moda, trás junto a sua língua de origem: whisky, pizza, futebol, etc. Outra coisa é dar nome estrangeiro a objetos que já tem nome português, como delivery.

Somos importadores de palavras mais do que exportamos, porque produzimos pouca tecnologia. Mouse chama-se assim porque era o nome que trouxe de fora. Em Portugal chama-se rato, mas no Brasil não se usa assim, porque essa palavra tem muitos outros significados (roedor ou pessoa desprezível). Site – entendo que seja sobre internet – Em sítio (tradução de site) pensará numa pequena propriedade.

Expulsar as palavras estrangeiras somente tornaria nossa língua mais pobre e não traria benefício nenhum. Estacionamento: parking. Já delivery e game são mais compactas: entrega em domicílio e vídeo jogo. 50% off é o mesmo que 50% de desconto, então porque complicar.

Muitos comerciantes acreditam que se utilizarem palavras estrangeiras vão aumentar seus lucros e outras pessoas também acreditam que possa atrair mais status ou como se isso fosse sinônimo de cultura.

Excesso de purismo também é feio. Alguns sites do governo ou blogs de Professores de Português trazem as palavras como:
Sítio – site
Linque – link
Bloque – blog
Internete – internet

Assim por diante. Grande parte dessa paranoia purista vem sendo incitada por professores de português midiáticos, colunistas, autores de manuais, se propondo corrigir a fala do nosso povo. Em muitos casos isto não tem chance de vingar.

A virtude está no meio termo. As tentativas de traduções dos estrangeirismos sempre fracassaram porque as pessoas resistem substituir uma palavra já consagrada pelo uso.

Condenam acessar ou deletar como anglicismo , quando a origem desses vocábulos está no latim accessum, deletum. As razões para o estrangeirismo:

1) As palavras não têm fronteiras.
2) As palavras são importadas porque precisamos dela.

3) Nosso léxico estaria no patamar dos 10.000 vocábulos não fosse as palavras importadas. 


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Semana 04 - Vídeo-Aula: 14 –  A Linguagem Politicamente Correta
(Prof. Aldo Bizzocchi)

A língua não serve apenas para comunicar-se é também um poderoso instrumento de persuasão. Dominar pessoas pelo discurso é mais eficiente que manter um soldado em cada esquina e muitas vezes a manifestação ideológica se oculta sob o manto das boas intenções. É o caso da chamada linguagem politicamente correto.

Antigamente o Governo Brasileiro lançou a cartilha do Politicamente Correto, com 96 palavras consideradas pejorativas, que foi duramente criticada pela impressa. Antes disso um projeto de lei distinguia cidadãos e cidadãs, que foi criticado por representantes da sociedade civil, entre linguistas e gramáticos, porque no português o gênero no masculino serve para denominar ambos os sexos.

Mas porque iniciativas deste tipo, que até parecem nobres, acabam torpedeadas até pelos intelectuais.

Politicamente correto nasceu nos anos 70 nos EUA, fruto de uma preocupação de entrada de grupos sociais (negros), então a causa era uma educação doméstica. No Canadá existe controle das ideias que circulam na mídia. Também na Suécia, Dinamarca e Noruega.

Na universidade no Brasil quem controla isto é a esquerda. Politicamente correto serve para maquiar a incompetência do Estado Brasileiro.

Em 1948, após a segunda guerra e o holocausto (ONU), um dos corolários era a linguagem politicamente adequada. No Governo Carter nos EUA que nasceu essa linguagem. Essa tendência logo ganhou outras nações, como o Brasil. A virtude está no meio termo. Nossa língua já oferece palavras para definir cego, curso aleijado. Porque mascarar a realidade com expressões mais longas e menos precisas. Vamos supor que anão seja um termo pejorativo. Na cartilha do Governo Lula, as pessoas nanicas são consideradas preconceituosamente consideradas engraçadas. Então como dizer – pessoa portadora de nanismo ou baixinhos. A primeira parece doença. É melhor ser engraçado do que doente. Outra sugestão coloca no mesmo balaio os portadores de nanismo e os portadores de baixa estatura em geral. O que usar então: pessoa verticalmente prejudicada?

Porque se referir a negros como afrodescendentes e não os brancos como euros descendentes? Esse eufemismo criado pelos americanos e introduzido pelo português é além de tudo equivocado. Afinal um brasileiro branco, descendente de egípcios brancos, também é um afrodescendente. E se a África é o berço da humanidade então somos todos afrodescendentes.

Embora a linguagem politicamente correta seja uma invenção americana, os Estados Unidos não detêm o monopólio da hipocrisia. Expressões eufêmicas já existem no português há muito tempo.  Chamar o negro de moreno ou de cor, embora pareça atitude de respeito, esconde um racismo. Ao evitarmos usar a palavra: negro, consideramos ser negro um defeito. Apesar da aparente boa intenção a linguagem politicamente correta só contribui para acentuar o preconceito.

É claro que há uma linguagem adequada para cada situação. Nenhum jornal vai se referir ao desfile do orgulho gay, como passeata de veados, afinal trata-se de utilizar a linguagem com respeito, não com falsa piedade. Neste sentido o conceito de politicamente correto deveria ser substituído por linguisticamente adequado.

Por outro lado há contexto que a linguagem chula, além de inevitável é única cabível. Você já imaginou um motorista referir-se ao outro, numa briga, como filho de uma profissional do sexo, ao que o outro retrucasse: seu cônjuge de adúltera.

O que a linguagem politicamente correta faz é o acobertamento ideológico pelo discurso, camuflando o problema ao invés de resolvê-lo. Ao darmos nomes bonitos a coisas feias elas nos parecerão menos feias. É exatamente o que o filósofo Luis Felipe denuncia, quando contrapõe as cotas raciais à péssima qualidade do ensino público.

A verdadeira democracia se apoia em direito iguais para todos, mas há uma grande distância entre democracia e demagogia. O que temos hoje em muitos países são discursos demagógicos com relação às minorias, que as vezes são numericamente maioria, criando leis cosméticas, mudando somente o nome das coisas, ao invés de combater a desigualdade com educação, serviços públicos de qualidade e distribuição de renda.

Assim recessão – passa a ser crescimento econômico negativo; morte vira cessação das atividades vitais; morrer é ir a óbito. Favela se torna comunidade carente e pobreza, exclusão social. Cabelo pixaim ou carapinho é agora cabelo étnico. Como se quem tem cabelo liso como eu (diz o professor) não tivesse etnia.

Na linguagem corporativa chefe virou líder e funcionário agora é colaborador.

É possível e relativamente fácil manipular a opinião pública por meio de palavras e expressões como exclusão, tolerância, não violência, que representam conceitos ideologicamente maleáveis.

A linguagem politicamente correta é pseudodemocrática e em nome da preservação da dignidade dos direitos humanos, exerce patrulhamento ideológico e caça as bruxas, típico dos regimes autoritários, vendo preconceito em tudo.

Vejamos o vídeo a seguir:



(rapaz que interpela o porteiro – com fiscal do politicamente correto – “Parafernália”)

O melhor remédio contra o preconceito é o bom senso e não leis que determinem como devemos ou não falar. Num estado democrático de direito, todos devem ter garantida a liberdade de expressão, mas liberdade com responsabilidade.

A proibição pura e simples de certos termos apenas empobrece a língua, na medida em que apaga rastros de sua história, mas não estabelece uma sociedade mais justa, mesmo porque justiça se conquista com atos não com palavras.


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Disciplina: Leitura e Produção de Texto
Semana 04 - Vídeo-Aula: 15 –  Propriedades do Texto
(Prof. Aldo Bizzocchi)


No início do vídeo o professor faz uma inquirição: Um texto é uma sequência de palavras, mas nem toda sequência de palavras é texto. Seria então uma sequência de frases? Poderia ser, mas nem toda sequência de frases é um texto.

O que faz então que uma sequência de palavras ou frases se torne um texto?

O que é um texto?
1.      A palavra “texto” vem do latim textus, particípio passado de texere, “tecer”;
2.      Portanto, texto significa “tecido”.

A metáfora do texto como tecido remonta as primeiras inscrições em língua grega, que utilizava um sistema de ensino chamado bustrophédon, as quais as linhas iam alternadamente da esquerda para direita e da direita para esquerda imitando o movimento de um arado. Daí surgiram as metáforas como “lavrar um documento”, ou do “fio do tear”, as linhas do texto.

No tecido não há somente linhas horizontais que vai e voltam, há também fios verticais que o enlaçam e constituem a trama. Daí falar-se da drama de um romance, ou do desenlace de uma história.

Os fios verticais do tecido que se enredam nos horizontais, representam o enredo de uma história de ficção (impedem que o tecido desfie), a continuidade linear e conexões verticais no tecido, que, transpostas para o texto verbal, representam a coesão e coerência.

Os linguistas procuram uma explicação que explique ao mesmo tempo uma estruturação sintática e semântica do texto, buscando regras que possam distinguir entre textos gramaticais e não gramaticais.

Coesão: assegura uma ligação linguística significativa entre os elementos que ocorrem na superfície textual.
Coerência: resulta da interação entre os elementos cognitivos apresentados pelo texto e o nosso conhecimento do mundo.

Assim a coerência de um texto está ligada a sua estrutura profunda, enquanto a coesão está ligada ao desencadeamento linear das frases ao nível de estrutura de superfície. A coerência é de natureza semântica e nos remete a um significado global do texto, a coesão representa aspectos sintáticos e relacionais entre os componentes.

De forma geral podemos entender a coesão textual como um conjunto de relações dos elementos constitutivos dos textos entre si enquanto a coerência textual é a relação entre o texto e o contexto extralinguístico.

Redundância e Profluência: Todo discurso parte de uma informação já conhecida por ambos sujeitos (emissor e receptor), sobre a qual se faz o aporte de informação nova, inédita ao receptor da mensagem. A informação já conhecida chama-se tema ou tópico, e a informação nova chama-se rema ou comentário.

Toda rema pode tornar-se tema em relação a novos remas.

Tema Principal: aquele que não deriva de nenhum outro tema dentro do mesmo texto.
Tema Secundário: aquele que é rema de temas anteriores pertencentes ao mesmo texto.

O constante movimento de tema a rena é progressão temática, ela é condição básica da existência do texto.

Todo texto é parcialmente profluente e parcialmente redundante. A profluência do texto garante a sua informatividade, já a redundância assegura a fixação do tema e a integração dos constituintes textuais no seu desenvolvimento sequencial.

Nenhum texto pode ser totalmente profluente ou totalmente redundante. 

Exemplos:

Texto totalmente profluente: O Brasil foi descoberto em 1500. Pelé é o rei do futebol. Isto é uma aula de leitura e produção de texto. Os macacos gostam de bananas. O acidente deixou sete feridos.

Texto totalmente redundante: O Brasil foi descoberto em 22 de abril de 1500 por Pedro Álvares Cabral. Isso significa que, naquele dia, o famoso navegante português descobriu nosso país. Por isso, todo ano, a 22 de abril, comemoramos o Descobrimento do Brasil por Cabral.

Existem quatro regras de coerência textual:

1.      Repetição (direta ou indireta);
2.      Progressão;
3.      Não contradição;
4.      Relação texto/contexto.


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Disciplina: Leitura e Produção de Texto
Semana 04 - Vídeo-Aula: 16 –  A Estratura da Língua
(Prof. Aldo Bizzocchi)

O Professor Aldo inicia a aula: No universo todas as coisas se organizam hierarquicamente, esse princípio é chamado de estrutura. A maioria das estruturas existentes mostram-nos dois tipos de ligações:

Horizontais (coordenação): entre elementos da mesma função ou importância na estrutura.
Verticais (subordinação): um elemento menos importante, depende de outro mais importante.

Por exemplo: Vários planetas girando em torno de uma estrela, os planetas não influenciariam caso houvesse mais ou menos, porém sem a estrela os planetas se perderiam no espaço.

Estruturas implicam em hierarquia, e esta é um conjunto de coordenação e subordinação entre as partes constituintes da estrutura. Na língua fonemas unem-se hierarquicamente para formar sílabas e morfemas, já os morfemas unem-se hierarquicamente para formar palavras, palavras se unem para formar sintagmas, sintagmas se unem para formar orações, orações se unem para formar períodos, períodos se unem para formar parágrafos, parágrafos se unem para formar textos.

A estrutura da sílaba: Em português, toda sílaba tem uma estrutura do tipo C1C2VC3CA, o que significa que no meio da sílaba sempre deve haver uma vogal (V), sem vogal não há sílaba em português.

Exemplo: A estrutura da palavra.

Na palavra transnacional, reconhecemos um prefixo trans-, um radical nacion- (nação), e um sufixo al-. O centro da palavra é o radical, que é o suporte do significado, já os afixos  trans e al exercem a função de produzir uma palavra derivada.

Assim o radical é a base, e os afixos e desinências os adjuntos. Mesmo em uma palavra composta, que há dois radicais um funciona como adjunto do outro.

A estrutura do sintagma (nominal e verbal): Cada sintagma possui um núcleo, que indicará de que tipo de sintagma se trata: se o núcleo for um verbo, o sintagma será verbal, se o núcleo for um nome o sintagma será nominal.

Sintagma Nominal: é formado por um nome (núcleo) e seus determinantes que podem ser adjuntos adnominais ou orações adjetivas. Na Oração pode assumir a função de sujeito ou de complemento verbal.

Sintagma Verbal: é formado pelo verbo (núcleo do sintagma) seguido ou não do sintagma preposicional (objeto indireto), do sintagma nominal (objeto direto), do sintagma adverbial (adjunto adverbial ou do sintagma adjetivo (predicativo).

Exemplos de enunciados:

1) As verdadeiras amizades nunca morrem.

As verdadeiras amizades – sintagma nominal
As verdadeiras – sintagma adjetival
Nunca morrem – sintagma verbal
Nunca – sintagma adverbial

2) A espécie daquela árvore corre risco de extinção.

A espécie daquela árvore – sintagma nominal
Daquela árvore – sintagma preposicional
Corre risco de extinção – sintagma verbal
Risco de extinção – sintagma nominal
De extinção – sintagma preposicional


As orações coordenadas são autônomas entre si, as subordinadas dependem de uma oração principal.

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